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terça-feira, 19 de outubro de 2021

HOMENAGEM A OMA/AVÓ SELMA LOESCHKE

 E AO OPA/AVÔ PAUL GERHARD LOESCHKE!

 
Casamento  - 14.11.1922

Hoje quero prestar uma homenagem a minha avó materna, Selma Elisabeth Loeschke pronunciar Lêshke – sh com som de x de xícara, não de fixo - curiosamente o sobrenome não é com trema (Löschke) e sim com “oe” que é a versão usada quando não se tem o trema (hoje todos pcs e notebooks tem). Fato é que ambos sobrenomes são comuns na região.

Na verdade vou falar um pouco de ambos, pois tanto o avô Paul Gerhard (pronunciar Guerhard, não Jerhard), quanto Selma, eram nascidos em Outubro – ela em 19.10.1903, e o avô dia 07.10.1899. Fato é que a avó, esposa dele, só o chamava de Gerhard, e não por Paul, seu primeiro nome. Em compensação poucos sabiam que nossa avó Selma tinha Elisabeth como segundo nome. 

Viveram em Berlin e por meu avô participar da 1ª Guerra e ter tido problemas do coração e em função do qual veio a falecer jovem demais, em Rolândia-PR, ele não queria o mesmo destino para seus 3 filhos homens – pois, expert em política como era, previa uma 2ª Guerra, ao que muitos riram dele – e depois choraram claro, quando ele e sua família estavam a salvos em Rolândia – PR, e o mundo veria e viveria os horrores da 2ª  Guerra na Europa.

Nota: Na medida em que receber correções ou novos dados, vou completando e quando tiver concluido, aviso aos familiares para reler. 

O avô Gerhard veio ao Brasil sozinho para arranjar um lugar para abrigar a família – isso foi em Rolândia, onde já havia outros alemães, uma mini colônia provavelmente. E 6 meses depois veio a avó com os 4 filhos, sim, os 3 já citados filhos homens, e nossa Mãe, GUDRUN Ruth Augusta Loeschke tinha então 2 anos. (vejam foto). E lá se estabeleceram com suas sagas, como a de todos os imigrantes, alguns com mais sorte outros com menos. Alguns mais, alguns com menos mortes... mas foram essencialmente agricultores, como a maior parte. E ainda geraram 3 mulheres, minhas tias: Marta Adele Rose, Renate Marianne e Johanna Pauline Christa!

Em Rolândia - PR - com os 3 filhos homens e a Mãe Gudrun


UM POUCO DA VIDA DA OMA / NONA SELMA

Nasceu em na pequena comunidade de Krossen (a noroeste da Alemanha) –  que até 1971, diz a Wiki, era uma comunidade independente e de lá para cá pertence a  Drahnsdorf. Imagine que hoje não tem nem 200 habitantes! Para o Brasil nem se considera tal como um bairro! (O avô também nasceu lá – só para já constar).

Wiki: Krossen foi mencionada pela primeira vez como uma aldeia da igreja nos artigos da diocese de Meissen, em 1346. O nome do lugar, que se origina do antigo Sorbian (um dialeto do idioma eslavo ocidental), refere-se a cabanas ou vime; o motivo para nomear o lugar não é claro[2]. Krossen pertenceu ao Reino dos Golßen (nobres da região).  

Veja o palacete deles, da Wiki.

https://de.wikipedia.org/wiki/Krossen_(Drahnsdorf)

Krossen (vilarejo) se situa no >>> Município de Drahnsdorf >>> comarca de Dahme-Spreewald >>> no estado de Brandenburgo!

Dei uma estudada e entendi que na Alemanha é muito comum você mencionar a comarca (união de vários municípios, com algumas leis em comum), e não o município, por isso que Krossen pertence hoje a Comarca de Dahme-Spreewald  (2 do mapa), do estado de Brandenburgo,  e ao município de Drahnsdorf – portanto, Krossen se tornou um Distrito (regrediu de posição digamos). A capital do estado de Brandenburgo é Potsdam e é um dos 16 estados que compõem a República Democrática Alemã.

Krossen fica a 68 km, da parte sul de Berlim, a capital da Alemanha.

O aeroporto mais próximo é o Aeroporto Internacional Berlim-Schönefeld a 51 km, ao norte (em Schönefeld – campo bonito - , morava, até há 2 anos atrás a prima da Mãe, Anita, que eu também fui visitar quando vivi alguns meses na Alemanha, com 20 anos. E Mãe idem e disse que ela, aos 80 anos, ainda andava acima de 100 km). Pelos mapas abaixo vai ficar claro porque nossos avós foram morar em Berlim em algum momento – pois nasceram próximos à capital.


Google Maps de Krossen em 1847 (ups... não existia Google na época J)

E hoje via Google Maps Street views (veja o contorno que fiz em vermelho – nada mudou de lá para cá em termos de tamanho do vilarejo – incrível).  Vejam que Drahnsdorf é um pouquinho maior que Krossen. Deve ter 3 ruas a mais... hahaha



Krossen fica na Comarca 2 ...


... no estado de Brandenburgo - dentro do qual fica Potsdam, a capital.

E dentro da região "2",  também fica a capital da Alemanha, Berlin.


  

A  TRAJETÓRIA DA AVÓ NO BRASIL

A Oma Selma, após a venda chácara em Rolândia, na década de 80 foi morar com a filha Renate Marianne, em Campinas, por muitos anos e  veio a falecer em Curitiba, aprox. um mês antes de completar 90 anos, ou seja, em setembro de 1993 – em um Lar de Idosos.  Sempre foi uma mulher alegre, no sentido que gostava de CANTAR e PASSEAR quando podia. Mas pegava no pesado e com 70 anos ainda subia em árvore para cortar galhos, na sua então chácara em Rolândia – PR, onde viveu sozinha por muitos anos.

Tive a oportunidade de viver com ela por 6 meses em Rolândia, em 1971, ainda menina,  e pude apreciar seus molhos feitos de cogumelos selvagens  colhidos na chácara. Sim, isso todo alemão, suíço e austríaco, entre outros sabe, ou sabia: diferenciar cogumelos venenosos dos comestíveis.

A chácara ficava ao lado de um Kartódromo e eu e meus dois irmãos, um deles meu irmão gêmeo Nelson, e minha irmã mais nova Romy,  apreciávamos ver as corridas da cerca da chácara – aquele cheiro de combustível ou freios queimados, era como inalar um perfume... crianças adoram ação e movimento... e era nosso entretenimento favorito. Fora ir ver a noite, às vezes, a novela IRMÃOS CORAGEM no vizinho, já que a avó nem pensava em ter uma TV – vivia uma vida reclusa, fora o lado cantor e passeador dela.

Ela tinha a chácara na Rua Ailton Rodrigues Alves, que é uma PR, e ainda por cima tem outro nome como Rodovia - nossa, 3 designações, o que, aliás, é comum no Brasil.

Vi que o Kartódromo continua, mas não consegui identificar a chácara - acho que a casa foi derrubada e construíram comércio, porque era uma área boa para tal. Aliás, soubemos que assim que a avó vendeu a chácara, outro a comprou novamente. 



CANTAR É PRECISO...

O que não gostávamos era de ir à igreja para ver ela se impondo diante do Pastor por querer cantar a todo custo. Isso deve ter sido o motivo de ter saído da  igreja  Metodista de Rolândia e ter aderido a uma igreja Batista. E claro, todos se incomodavam dela sempre querer cantar... e quando não era na Igreja, ela cantava quando íamos andar com ela – coisa que fez até idade avançada... mas sempre com sua bolsinha na mão, o sapato de saltinho, o terninho e a saia, parecendo que ia passear nas belas avenidas de Berlin, para tomar um café em uma das maravilhosas confeitarias, e, talvez, comer os famosos SONHOS de Berlin.

Nota pessoal: Aliás, talvez aqui eu entenda meu grande bloqueio em soltar a voz. Achava que nem sabia cantar e nem me atrevia. Foi pelos 40 anos, vivendo na Suíça, quando fui chamada para treinar uma estrofe em português para um coral, que eu vi que tinha voz... claro que resisti e disse que não sabia cantar e não tinha voz... mas eles insistiram. Acabou que comecei a cantar no CORAL e na volta ao Brasil participei do CORAL CANTO E RISO de Jarinu (SP) e tomei aulas de canto com o então REGENTE, um cara muito bom. E com ele desenvolvi o potencial do meu soprano, chegando a cantar AVE MARIA – como teste final. Disse ele que quem consegue cantar tal, é porque tem soprano bom. Que seja então – mas estou fora de forma hoje.

A DAMA E A "COLONA"

Voltando ao fato que ela adora passear (e cantar)... seja no mato ou na cidade – e mesmo quando fomos subir um morro com ela, nos anos 80, em Barra do Garças, onde veio nos visitar, lá ia ela com seu traje de domingo: terninho feminino (curto, sem gola), saia, sapato de saltinho e bolsa pendurada no braço, como as damas faziam. E pasmem, empurrando um pouquinho, ela subiu o morro e apreciou conosco a bela vista da cidade, com seus dois rios (o Araguaia e o Garças)

Mas, embora tivesse o porte de uma dama quando saia para passear ou ir à igreja, em casa ela pegava no pesado – fazia de tudo, sem reclamar. A Mãe contou ainda recentemente sobre isso e me espantei, porque sempre achei que ela nem tinha força para fazer alguns trabalhos pesados, pois era baixinha e magra, nunca tendo ficado gorda.

O PORTUGUÊS GERMÂNICO!!!

Português ela nunca aprendeu mais do que falar algumas frases, que só as pessoas em Rolândia entendiam, porque a maioria era imigrante,  cada um com sua dificuldade de falar o Português, aliás, eu aprendi português  na Escola, pois nossa Mãe, após casar em Rolândia, veio a viver em Maripá, que até recentemente, era habitada em quase 90% por descendentes de alemães, suíços, austríacos, russos brancos, ou seja, todos falantes do idioma alemão – sendo, portanto, natural falar alemão em toda vila, em todos os comércios.  Os poucos que lá viviam e não falavam, acabavam aprendendo alemão ou entendendo o essencial.

O LADO SINISTRO

E tinha um lado sinistro, diriam os jovens hoje: achava que todo mundo queria seu mal e acreditava em feitiços – vivia orando e jejuando para se livrar do mal – jejuava toda sexta-feira, acho que quase a vida inteira, em que só comia pão seco com água. Aliás, quando vivemos com ela, aprendemos a apreciar pães integrais pesados e, sobretudo, a primeira fatia, ainda mais dura – ela dizia que quem não comia tal fatia, não subia morros – e nós, crianças, a gente acreditava... simples assim e ainda hoje é a parte que mais aprecio do pão – não gosto de pães moles e macios – dá a impressão que são feitos para almas crianças, que não sabem lidar com os desafios (essa foi a mensagem que ficou daquele hábito infantil, traduzido hoje em linguagem adulta). Chego a ter preconceito contra quem só gosta de pães macios. Incrível como algo assim ficou formatado na alma. (E no fundo, acho que tem algo de verdade nisso – pois hoje sabemos o quanto atos criam formatos psicológicos e vice-versa).

O LADO HUMANITÁRIO

Ela sempre andou de bicicleta, inclusive até Arapongas, a 16 km de Rolândia, onde ia visitar os presos e levar folhetos evangélicos. Os excedentes de frutas e verduras da sua chácara, ela levava para um Centro Espírito, no Campinho, que acolhia crianças órfãs.  Orava por todos, todos os dias e tinha uma fé imensa. Pena que um pouco conturbada, como, aliás, a maioria. Mas também isso era normal para a época, em que os tabus ainda predominavam. Mas sendo alemã de Berlin, tinha uma alma, por outro lado, leve, que gostava de rir, de tomar um café com bolo.

O HUMOR EM MEIO A PEQUENAS TRAGÉDIAS

Uma vez, ao visitar minha Mãe em Barra do Garças, ela queria comer abacate e foi até o centro comprar - que ficava bem  próximo - bastava descer um pequeno morro - só que, não achou de volta (e mal falava português e o que falava ninguém entendia). E achando que estava subindo o morro certo (talvez estivesse, mas subiu demais), ela, para encurtar a conversa, decidiu descer no meio do morro no qual estava, e não pela estrada, calculando (ingenuamente), que iria chegar certinho na casa da filha Gudrun - e, claro, de saltinho, bolsinha e alguns abacates, ela escorregou... e continuou escorregando - achando graça e dizendo que bom, já que dá para descer escorregando melhor (pensem que ela já tinha 80 anos e alguma coisa). 

Preocupada a Mãe encomendou o carro com alto- falante para dar a busca - e enfim a encontrou, suja, mas sempre sorrindo - e contando sua peripécia sem achar qualquer problema. 

Ao perguntar alguns detalhes para a Mãe, me caiu outra ficha: agora sei de quem tenho a falta de senso de orientação! Da avó Selma. Se eu contar como e onde eu consigo me perder, vocês vão rachar de rir - mas deixo isso para outra oportunidade. 

CADERNETA COM ANTEPASSADOS

Então, na Europa em geral, acho, era costume cada filho ganhar um STAMMBUCH - que era um livreto contendo os dados da Família. No Brasil, pela falta de algo assim, a Avó escreveu à mão uma Caderneta para todos os netos - da minha só fotografei a última página da família dela. Veja que vai até 1744 - data de nascimento  de Matthias Friedrich Geisler (ela era de origem Geisler).


Veja aqui, ela escreveu URGROSSVATER - ou seja, o pai do meu avô, meu bisavô, se chamava Robert Loeschke - foi sapateiro primeiro e depois teve alguma função religiosa - minha Mãe disse que sabe disso - algo como um Pastor, mas da Igreja Católica Apostólica da região - acho que deviam frequentar em Berlin depois - por isso segue a imagem mais abaixo.


veja imagem abaixo

 

O AVÔ PAUL GERHARD LOESCHKE

07.10.1899 (KROSSEN)  - ABRIL 1959 (ROLÂNDIA)

Faleceu cedo demais e ninguém dos netos o conheceu.

Sabemos, pela Mãe e outros, que ele adorava política, ler, estudar, e tinha pouco jeito para ser um colono, mas foi obrigado a aprender tal ofício e me espantei de saber que ele, de fato, fazia de tudo e com muita dedicação e capricho, coisa, aliás, natural do alemão, suíço, austríaco e acho que em todo Europeu, que aprenderam cedo a lidar com invernos longos, onde quem não se prepara no verão feito a formiga, passa frio e fome.

SEU GOSTO POR ESTUDAR E LER ficou ainda mais claro, quando anos depois recebi alguns livros de uma tia, onde constatei, surpresa, carimbos, constando: SEÇÃO V – GEOGRAFIA – outro SEÇÃO VI – IDIOMAS (aliás, o livro em questão era em alemão antigo, contendo um “curso autodidata” para aprender inglês), e hoje cedo, pensando nisso na hora do mate, constatei que até isso herdei dele:

- Não só o gosto por ler, colecionar livros (tenho aprox mil, metade em alemão), mas de ser autodidata em alemão (quis aprender a ler com 6-7 anos e aprendi com ajuda de outra tia), depois espanhol por meio de uma senhora do Peru, que conheci aos 17 anos em Campinas-SP, num CURSO DE UFOLOGIA (pois é), que falava em espanhol comigo na velocidade da luz e me emprestava livros e o jeito era aprender... ou, aprender!  E,  por último,  com o inglês, que achei que não ia mais aprender... quem me acompanha aqui no blog ou no facebook conseguiu até acompanhar minha evolução no idioma. Até 2 anos atrás eu só traduzia vídeos e textos do espanhol para o português, e semana passada, para meu espanto pessoal li um livro em inglês em questão de horas e depois traduzi partes chaves sobre o fundo emocional de algumas doenças e outros detalhes muito chaves para a vida pessoal. (ver aqui).

- Quanto à política, sempre fugi dela como o diabo da cruz, mas, chegou um momento, há 3 anos, em que vi que não dava mais para ignorar esse aspecto da vida e deixar para os outros... e desde então, quem me lê, principalmente no facebook (visto que o foco do blog é outro), sabe que vou fundo mesmo – não fico na superfície – e, assim, cheguei a dominar, de forma amadora, a GEOPOLÍTICA E EXOPOLÍTICA e acho que meu avô ia se orgulhar de mim.

Bem, fui ver os documentos que tenho de nossos antepassados e são tantos, que não dá para salvar todos aqui, mas os essenciais, tema deste post, aliás, agora  vi, que preciso postar no blog – era para ser só um post básico no facebook sobre a Avó Selma pelo dia do aniversário dela, mas extrapolou ... 

DETALHES EXTRAS

Na caderneta que fotografei, ainda achei um detalhe extra sobre o avô Paul:

A avó Selma, conta que  em 1931,  ele ganhou a causa contra 3 Advogados do Tribunal, em Berlim, embora ele só tivesse o Ensino Fundamental - a prima Verônica já me corrigiu e disse que era forma em CONTABILIDADE (por isso acho que haverá uma parte 2, pois creio que virão muitos novos detalhes e terei em prazer em registrar tudo e deixar para as próximas gerações).

E que estudava por conta Grego e Hebreu para entender melhor a Bíblia antiga.

Ao ler isso para minha Mãe, ela disse que em Rolândia também ganhou a causa contra Advogados formados, em função de um tema religioso.

NOTA FINAL

Como não estou como meu álbum em mãos, para tirar mais fotos dele e da avó em outros anos e momentos, completarei este post em algum momento nos próximos meses, e daí aviso os familiares, no caso.

E caso descubra mais dados chaves, também vou atualizar o texto.

Aproveito para deixar minha GRATIDÃO pelos avós maternos (num próximo post farei dos avós paternos), e pelos genes recebidos - já agradeci muitas vezes a meu modo, mas hoje aproveito para deixar registrado não só a gratidão pelos genes, mas pela luta, e por tudo que nos legaram de uma forma ou outra.



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